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Vislumbres da eternidade

Remake

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O filme “Que Espere o Céu” é um dos mais recriados na história do cinema. Um dos remakes que causou mais impacto leva o título de O Céu Pode Esperar (1978). Um remake só pode ser feito de um filme, uma vez que, por se tratar de ficção, a repetição é aceitável.

Já não é tão normal encontrar em um texto histórico um conteúdo quase idêntico a outro anterior, que é o que ocorre com Gênesis 20 e 26. Ambos os relatos ocorrem em Gerar, principal cidade dos filisteus. Nos dois casos, o protagonista (Abraão ou Isaque) tem medo de dizer quem é sua esposa, por ela ser bela. Ambos chegam a mentir, dizendo que ela é irmã. As duas histórias apresentam um tal de Abimeleque, rei local, que se enamora das esposas-irmãs (Sara e Rebeca). Ele é castigado por um pecado que ignora e recrimina os protagonistas (pai e filho). No fim, tudo acaba bem.

Tantas são as coincidências que alguns estudiosos chegaram a pensar que os relatos foram inventados. Ambos ocorrem em tempos de fome. A região de Gerar era mais propícia para a obtenção de recursos alimentícios; portanto, é lógico que tanto Abraão quanto Isaque se dirigissem a áreas férteis como aquela. Tanto um protagonista quanto o outro tinham parentesco com as respectivas esposas, e dizer que elas eram suas irmãs (expressão hebraica que pode incluir primas e tias) não era totalmente mentira em nenhum dos casos. Também não é de se estranhar que o gene da beleza fosse comum nas mulheres da família e que isso causasse um certo temor, pois os filisteus não eram exatamente pessoas pacíficas.

Resta a questão da mentira. Nesse caso, só temos que nos lembrar do ditado que diz: “O homem é o único animal que tropeça duas vezes na mesma pedra.” Ocorre que somos humanos e nos equivocamos, assim como se equivocaram nossos pais e como, infelizmente, se equivocarão nossos filhos.

O que verdadeiramente importa nessas narrativas é que, apesar dos remakes, a paciência de Deus não acaba facilmente, nem as oportunidades se esgotam. Podemos afirmar que “O Senhor é o único Deus que nos acolhe duas vezes diante da mesma transgressão.” É por isso que o salmista nos faz lembrar: “Ele fez memoráveis as Suas maravilhas; bondoso e compassivo é o Senhor” (Sl 111:4). Louvado seja nosso Deus!

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Vislumbres da eternidade

À minha imagem

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O que você me diria se eu dissesse que existe uma igreja que adora um jogador de futebol ou um espaguete voador? Não estou brincando. A Igreja Maradoniana venera o jogador argentino Diego Armando Maradona, a quem denominam “D10S” (por causa do 10 da sua camiseta). Uma das suas preces pode parecer até blasfema para nós: “Diego nosso que estás no Céu: Santificada seja a tua canhota, venha a nós a tua magia. Que os teus gols sejam lembrados tanto na Terra como no Céu […].” O pastafarianismo, por sua vez, é uma religião que, de forma irônica, adora uma enorme bola de espaguete com duas almôndegas como olhos. A oração deles é: “Oh, talharins que estais nos Céus gourmets: Santificada seja a vossa farinha. Venham a nós os vossos nutrientes. Faça-se a vossa vontade na Terra como nos pratos. Dai-nos hoje nossas almôndegas de cada dia e perdoai as nossas gulas assim como nós perdoamos aos que não vos comem.”

Parece ridículo, mas há séculos o ser humano tem criado deuses à sua semelhança. O fanatismo ou a razão tem desenvolvido seus próprios ídolos. Por sermos crentes, eles nos incomodam, mas talvez nos permitam refletir sobre nossa coerência religiosa e o que projetamos. Defendemos a igualdade em Cristo e seguimos fazendo distinção entre raças, status ou economias. Propomos a fraternidade, mas adoramos as fofocas. Pregamos a breve volta de Jesus, mas acumulamos posses como se fossem durar para sempre. As pessoas nos olham e continuam vendo os mesmos objetos, os mesmos ídolos. Podemos nos incomodar com o maradonismo, mas não temos nenhum problema em agredir em nome do nosso time favorito. Podemos rir do pastafarianismo, mas não podemos viver sem uma pizza no sábado à noite, acompanhada, se possível de uma enorme garrafa de refrigerante. Podemos ridicularizar essas crendices e continuar celebrando a chegada do Papai Noel como alternativa à vinda de Jesus.

Nós não criamos Deus. Ele é que nos criou. Sermos coerentes com as imagens que projetamos é uma forma de respeitá-Lo. Se você O ama de verdade, nada de substitutos! Por isso mesmo é que você deve amá-Lo acima de tudo.

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Vislumbres da eternidade

Igreja

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De dentro do barco, Cristo passou a falar para aquele grupo. Contou-lhes que, no reino dos Céus, um homem tenta sobreviver semeando e trabalhando dignamente no que lhe for possível, mas que seu inimigo se dedica a complicar as coisas plantando discórdia e desavenças entre todos. Sugeriu que não se dedicassem a eliminar esses elementos, pois não saberiam quem tem boa vontade e quem não tem (Mt 13:24-30). Propôs que, em vez disso, se dispusessem a viver segundo os verdadeiros princípios do reino dos Céus. Assim começou a história do cristianismo e da igreja.

Fico imaginando o sorriso debochado de alguns céticos quando me atrevo a falar da igreja. Só falta eles me lembrarem a citação de Alfred Loisy: “Jesus anunciou o reino, e o que veio foi a igreja.” Não é sobre essa igreja que estou falando. Falo da igreja, a do reino dos Céus, a de Jesus.

Falo de uma igreja em que existe uma comunidade de pessoas modestas, visto que sabem que são criaturas de Deus e que na humildade há crescimento. Falo de uma igreja que é uma comunidade de iguais, que não discrimina, pois tem a certeza de que todos somos filhos de Deus sem nenhum tipo de distinção. Falo de uma igreja que é uma comunidade sem últimos nem primeiros, pois os rótulos são coisas do passado e todas as oportunidades convergem para a eternidade. Falo de uma igreja que é uma comunidade extrovertida, que se preocupa tanto com os que foram embora quanto com os que não querem entrar, pois a atitude tem mais importância do que a situação. Falo de uma igreja que é um espaço que supera os limites políticos, sociais e históricos. Supera os limites políticos porque é um reino sem fronteiras, sem alfândegas, sem bairrismo. Supera os limites sociais porque elimina castas ou status e aposta em um retorno à nossa verdadeira identidade: iguais perante o Universo. Supera os limites históricos porque levanta a possibilidade de uma nova paisagem: o Céu em nosso coração. Ao mudar as histórias cotidianas, ela reescreve a história do cosmos.

Estou falando da amada e fiel noiva de Cristo – nós. Não somos perfeitos e nunca seremos plenamente nesta Terra. Mas somos fiéis aos ideais do reino de Deus. Sejamos a igreja. Façamos a diferença.

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Vislumbres da eternidade

Mispa

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Quem for passear pelo noroeste da Argentina vai encontrar, de quando em quando, montes de pedras onde os que creem na Pachamama (divindade dos povos indígenas dos Andes) deixam suas oferendas. No Havaí, esses amontoados de pedras são chamados de ahu e servem para indicar as diferentes rotas que os turistas podem utilizar nas excursões. E os escoteiros empregam pedras para indicar o caminho certo; eles as chamam de “patos” (duckies, em inglês).

Em Israel sobram pedras. Elas estão por todos os lados, e chegam a ser um estorvo. Nos campos, para que se pudesse cultivar a terra adequadamente, as pedras eram retiradas e, segundo o costume, com elas se construíam muros ou divisas que marcavam os limites. Pedras eram usadas também para recordar um acordo ou evento. Ninguém as tiraria dali, pois eram símbolo de uma aliança. Foi o que aconteceu com Labão e Jacó. Depois dos muitos reveses, Jacó decidiu voltar para casa e foi se despedir do sogro. Era o momento de selar um pacto de fidelidade. Assim, ergueram um monte de pedras. Labão, usando a língua dos seus ancestrais, o chamou de “Jegar Saaduta”. Jacó, usando a língua de Canaã, o chamou de “Galeede”. Ambos os nomes significam “montão do testemunho”. Até poderia ter ficado como um simples registro na memória se não tivessem acrescentado que também o chamariam de “Mispa”, palavra que significa “atalaia”, lugar elevado de onde se pode observar o horizonte. Labão e Jacó estavam afirmando que Deus seria Aquele que manteria a lembrança da aliança e, à distância, sustentaria a relação.

Há aqueles que gostam de atirar pedras e outros que gostam de amontoar pedras. Ficamos sem saber o que dizer a ambos, pois atacar os outros é errado, mas guardar más lembranças, também. Com clareza, Jesus nos aconselha a não atacar. Não há desculpas para o mal. Ele também nos aconselha a perdoar e esquecer. Essa tarefa será muito difícil se não nos colocarmos nas mãos de Deus, pedindo que Ele seja nosso protetor. Quanto a nós, procuremos fazer o que é certo, e Ele Se encarregará das pedras.

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