Jornal do Pará

Pará é o estado com tarifa elétrica mais cara do Brasil

Apesar de ser o segundo maior produtor de energia elétrica do país, o Pará ostenta o título de estado com a tarifa elétrica mais cara do Brasil | Foto: Reprodução.

O descontentamento dos paraenses com os serviços de água e luz ganha destaque novamente, evidenciando um cenário de preocupação e insatisfação. Apesar de ser o segundo maior produtor de energia elétrica do país, o Pará ostenta o título de estado com a tarifa elétrica mais cara do Brasil, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Com um custo de R$ 0,962 por kWh, o consumidor paraense enfrenta desafios financeiros consideráveis, especialmente em meio a um contexto de aumento significativo no consumo de energia elétrica em todo o país. Em fevereiro, o consumo cresceu 8% em relação ao ano anterior, atingindo 46.314 GWh, impulsionado por temperaturas elevadas e um dia adicional devido ao mês bissexto.

O aumento do consumo, liderado pelo setor residencial, evidencia ainda mais a pressão sobre os serviços de energia, enquanto os problemas persistem no fornecimento de água, com interrupções constantes sendo o principal motivo de reclamações por parte da população.

Carlindo Lins, consultor do Conselho Nacional de Consumidores de Energia Elétrica (Conacen), destaca a complexidade da situação, apontando diversos fatores que contribuem para as altas tarifas, incluindo a infraestrutura desafiadora da região, a extensa rede de distribuição e transmissão compartilhada por um número menor de consumidores e as dificuldades socioeconômicas enfrentadas pelo estado.

Além disso, Lins ressalta a falta de consideração com a questão social na definição das tarifas, que acabam penalizando os consumidores mais vulneráveis. Ele destaca que o corte de energia afeta principalmente aqueles que já estão em situação precária, forçando-os a fazer escolhas difíceis entre necessidades básicas.

O cenário se agrava com as interrupções constantes no fornecimento de água, como relata Mirlen Gleyce, moradora de Belém. Ela compartilha sua experiência de enfrentar semanas inteiras sem água em sua torneira, prejudicando atividades básicas como higiene pessoal e preparo de alimentos.

Diante dessas questões, a resposta das empresas responsáveis pelos serviços não parece satisfatória para muitos moradores. A Cosanpa informa que o sistema de abastecimento opera normalmente após serviços de manutenção, enquanto a Equatorial Pará defende que as tarifas são definidas pela Aneel, buscando manter o equilíbrio econômico-financeiro da concessão.

No entanto, para muitos consumidores, as explicações não parecem suficientes, especialmente diante das dificuldades enfrentadas diariamente. O desafio de garantir serviços essenciais a preços acessíveis e com qualidade continua sendo uma luta constante para os paraenses, que esperam por soluções efetivas para essas questões urgentes.