Em meio aos preparativos para sediar a Conferência do Clima da ONU (COP30) em 2025, o Pará, estado com o maior desmatamento do Brasil, enfrenta desafios ambientais cruciais. O Jornal do Pará apurou que o estado figura entre os três únicos litorâneos do país que não realizam o monitoramento de balneabilidade em suas praias, levantando preocupações sobre a qualidade da água em suas extensas costas.
Com um litoral de aproximadamente 560 quilômetros e treze cidades litorâneas, incluindo destinos turísticos como a Ilha de Marajó e o balneário Alter do Chão, o Pará não analisa a qualidade da água em suas praias. Atualmente, apenas algumas cidades, como Belém e Santarém, realizam análises, mas os resultados são divulgados pelas prefeituras, e não pelo governo estadual.
A escolha de Belém como sede da COP30 trouxe à tona a falta de políticas públicas de monitoramento ambiental. O estado, historicamente responsável por cerca de um terço do desmatamento na Amazônia Legal desde 1988, está implementando medidas para melhorar seus indicadores ambientais até 2025.
A gestão de Helder Barbalho anunciou planos ambiciosos, incluindo a neutralização das emissões de carbono, um plano de rastreamento de gado até 2026 e editais de concessão para reflorestamento de áreas pressionadas pelo desmatamento. O monitoramento de balneabilidade também está no radar, com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade planejando ampliar a atuação por meio de parcerias com universidades.
No entanto, detalhes sobre como será o monitoramento, em quais praias e com qual frequência, não foram divulgados. Atualmente, a análise da qualidade das praias é realizada pelos municípios, com poucos realizando testes nas praias intocadas e paradisíacas, como a Ilha do Algodoal e Salinópolis.
Além das questões de balneabilidade, o Pará enfrenta desafios no saneamento básico, com baixa cobertura de esgotamento sanitário. Dados de 2022 indicam que apenas 28% dos domicílios urbanos paraenses estão conectados à rede coletora, sendo o quarto estado com menor cobertura do país.
A falta de saneamento torna crucial o monitoramento da qualidade das águas, principalmente nas praias de água doce frequentadas por ribeirinhos. A professora da UFPA, Simone Pereira, ressalta que as análises são essenciais não apenas para os banhistas, mas também para as populações locais que consomem a água sem tratamento.
Diante desses desafios, o Pará busca melhorar seus indicadores ambientais e garantir que as ações empreendidas para a COP30 reflitam uma preocupação efetiva com a preservação do meio ambiente no estado. O monitoramento da balneabilidade das praias surge como uma peça fundamental nesse quebra-cabeça ambiental.
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